Editor: Fernando Albuquerque Marques
Colaboração: Henrique Crena Martins
Nota do Editor: É expressamente proibíbo utilizar em todo ou em parte, qualquer dos textos ou fotos editados neste Site, sem autorização do editor.
A COMPANHIA de ARTILHARIA Nº 2521, foi mobilizada pela Nota-circular nº 5773/PM de 07 de Outubro de 1968, da 1ª REP/EME sendo a sua Unidade Mobilizadora, o Grupo de Artilharia Contra Aeronaves Nº 2 em Torres Novas.
1. - Tomou o comando da Companhia Independente C.ART. 2521 o Capitão Miliciano de Artilharia JOSÉ DE SOUSA RAMOS DUARTE.
2. - A Escola Preparatória de quadros, teve início em 02 de Dezembro tendo terminado em 21 de Dezembro de 1968, conjuntamente com as Companhias de Artilharia nºs 2520 e 2522, que foram respectivamente para a Guiné e S. Tomé e Príncipe.
3 - O Director de Instrução foi o Exmo. Capitão Bastos, uma vez que este Oficial tinha feito a sua última comissão na Guiné, o que lhe permitia ter um vasto leque de conhecimentos, sobre os usos e costumes da população e, da táctica e armamento inimigo.
A organização da Companhia, teve o seu início na mesma data acima referida ou seja, 02 de Dezembro de 1968. A maioria do pessoal, com exepção de alguns Oficiais, Sargentos e Especialistas, eram oriundos do R.I. nº 3 de Beja, onde frequentaram a Escola de Recrutas, sendo também a maioria deles, naturais das regiões do Alto e Baixo Alentejo.
Seguindo o planeamento do Exmo. Sr. Capitão Bastos, em 21 e 26 de Março de 1969, executaram-se alguns exercícios de campo.
A Primeira Parte da I.A.O. teve início em 10 de Março, terminando em 29 de Março de 1969, sendo que, na primeira semana, a Instrução teve lugar no Quartel, com maior incidência na execução de tiro. No restante período, a instrução foi no campo, tendo sido montado um BIVAQUE na região de MEIA VIA, a cerca de 5 Km do Quartel. Aqui, foram executados diversos tipos de patrulhamentos diurnos e nocturnos, golpes de mão, emboscadas e outros treinos operacionais, terminando também com operações conjuntas com a Força Aérea. Depois disto, todo o pessoal foi do dia 31 até ao dia 10 de Março, de Licença das N.N.A.P.U., sendo que, desde este dia até ao dia 21 de Abril, decorreram no quartel de Artilharia alguns exercícios de aplicação militar, instrução de tiro, patrulhamentos e emboscadas. Foi inicíado em 21 tendo terminado em 25 de Abril a segunda parte da I.A.O., em campo, mais própriamente no Campo Militar de Santa Margarida, onde a Companhia se apresentou, em 10 de Abril de 1969. De salientar que, atendendo ao local previligiado que ocupa o Campo Militar de Santa Margarida, o nível de instrução, foi muito superior, em relação à primeira parte da I.A.O..
Em 18 de Abril de 1969, tiveram lugar em frente à Capela do Campo Militar de Santa Margarida, as cerimónias de despedida da Companhia, conjuntamente com as Companhias de Artilharia nºs 2520 e 2522 e as Companhias de Caçadores nºs 2872 e 2885. Aqui, foi rezada uma missa, com Guarda de Honra ao Altar, feita por quatro militares da P.M., seguindo-se a benção e entrega dos Guiões. Depois duma alocução pelo Exmo. Comandante do Campo e, breves palavras pelo Exmo. Comandante das Forças em Parada, seguiu-se um desfile, no qual depois de se apresentar ao Comandante das Forças em Parada, se integrou no mesmo, a Fanfarra do Regimento de Cavalaria nº 4, enviada para o efeito. A fim de formarem a Secção de Quarteis, em 21 de Maio de 1969, embarcaram por via aérea num avião da F.A.P. com destino a Bissau, o Alferes Miliciano de Cavalaria JOÃO ANTÓNIO GONÇALVES e o 2º Sargento de Artilharia ANTÓNIO AUGUSTO FERREIRA.
Finalmente o embarque
Assim no dia 24 de Maio de 1969, pelas 03H00, teve lugar o embarque da C.ART.2521 na estação dos caminhos de ferro de Santa Margarida, cujo destino era o cais de Alcântara, onde se chegou pelas 06H30 do mesmo dia. De imediato e depois de cumpridas as operações de desembarque do caminho de ferro, começou o carregamento das bagagens individuais, entrando a Companhia a bordo do Navio "NIASSA". Foi fácil o alojamento das tropas, uma vez que o reconhecimento ao navio, já havia sido feito na véspera.
Entretanto e, depois de conhecerem os seus alojamentos, os nossos homens, voltaram ao cais onde lhe foi servido um pequeno almoço e, permitido que por aí deambulassem, dentro de um espaço préviamente demarcado. Às 10H00 formaram todas as tropas a embarcar, sendo feita uma alocução de despedida pelo Delegado de Sua Exa. o Ministro do Exército que, de seguida, passou revista às tropas.
Pelas 11H30 depois de um curto desfile, as tropas entraram no Navio "NIASSA" o qual largou do cais de Alcântara às 12H00 com destino à GUINÉ.
Assumiu as funções de Comandante de Bandeira a Bordo, o Exmo. Capitão de Fragata Abel da Costa Campos de Oliveira, tendo a viagem para a Província Ultramarina da Guiné durado seis dias, fazendo escala no porto de FUNCHAL (MADEIRA), onde foi permitida a saída de todo o pessoal para fazer uma visita à Ilha, ainda que breve.
A vida a bordo decorreu sempre com a maior normalidade, tendo todos os serviços, sido do pleno agrado da tropa embarcada. Foi também cumprido durante a viagem, todo o plano de instrução e de actividades recreativas, que haviam sido organizadas em terra.
Eis que chega o desembarque
Assim, ao chegar ao Porto de BISSAU onde atracou cerca das 07H00 do dia 30 de Maio de 1969, em representação do Comandante Chefe das Forças Armadas, subiu a bordo o Comodoro Luciano Bastos, que fez a recepção a toda a tropa a desembarcar, a quem desejou as "Boas Vindas". Após esta breve cerimónia, imediatamente se iniciou o desembarque das tropas, enquanto em simultâneo eram descarregadas todas as bagagens.
Depois do desembarque a Companhia, seguiu em viaturas com destino ao BATALHÃO de INTERVANÇÃO localizado em BRÁ, aí permanecendo a aguardar o seu destino.
O Comandante da Companhia, recebeu ordens de partida, com destino a BUBA, tendo no dia 03 de Junho de 1969 a Companhia efectuado o embarque pelas 18H00, no porto de Bissau, a bordo da L.D.G. "ALFANGE", a qual chegou a BUBA cerca das 11H00 do dia 04 de Junho de 1969, depois de permanecer na noite do dia 03 para 04, ao largo de BOLAMA.
A saída de BUBA, verificou-se cerca das 08H30 do dia 05 de Junho de 1969, numa coluna constituida por 33 viaturas, com a C.ART. 2521, a C.ART.2519 (quase na totalidade), elementos do PEL.REC.FOX 2022, PEL.MORT. 1242 e da C.CAÇ. 1792, num total aproximado de 500 homens, com pelotões das nossas tropas emboscados ao longo do percurso para manter a segurança e também, o apoio da AVIAÇÃO, não evitando com tudo isto, que a coluna tivesse o seu contacto com o inimigo que lhe montou uma emboscada, cerca das 16H30, próximo de MAMPATÁ, mais própriamente em SARE USSO, tendo nessa mesma altura sido detectados e levantados pelas nossas tropas 05 Engenhos Explosivos (MINAS). O nosso pessoal reagiu muito bem à emboscada do inimígo o qual mesmo assim causou 03 feridos entre os Caçadores Nativos, um dos quais foi mesmo evacuado de Héli para BISSAU. Todo o trajecto num total de 34 Km., foi feito a pé, sendo que, depois da emboscada, as nossas tropas com o apoio da segurança, procuraram sair o mais ràpidamente possível do local, utilizando as próprias viaturas, verificando-se a chegada a ALDEIA FORMOSA (QUEBO) cerca das 17H00.
A C.ART. 2521 fez a sua apresentação ao Exmo. Major Lino, actual comandante interino do BATALHÃO de CAÇADORES nº 2834, de onde passou a depender operacionalmente. A Companhia vinha com a finalidade de substituir a C.CAÇ. 1792 "OS LENÇOS AZUIS", tendo ficado aquartelada em ALDEIA FORMOSA, cumprindo a missão que, a essa companhia estava destinada.
Entretanto, no mês de de Junho de 1969, é transferido para ALDEIA FORMOSA o C.O.P.- 4 pelo qual e segundo o seu Plano de Operações "ORFEU ORIENTAL" a C.ART.2521 reforçada, eventualmente, pelo PEL.REC.FOX.-2022 passa a ter a seguinte missão:
1.-Impedir a todo o custo a fixação e a infiltração do inimigo para Oeste da linha definida por SALTINHO-CONTABANE-BUNGOFÉ(abandonada)-FRONTEIRA, para o que procede a bastantes patrulhamentos e reconhecimentos de toda a região com especial incidência sobre as linhas de infiltração de BUNGOFÉ(abandonada)-SARE AMADI-ALDEIA FORMOSA e também GANDENBEL-GAMÃ-ALDEIA FORMOSA, com a finalidade de detectar novos trilhos e interceptar as tropas inimígas.
2.- Fazer emboscadas sobre os novos trilhos referênciados, bem como nas regiões de tradicional passagem do inimígo.
3.- Todas estas acções deverão ser coordenadas com a C.ART. 2614, prolongando assim a segurança afastada da área dos trabalhos de construção do Aérodromo de ALDEIA FORMOSA, para Leste.
4.- Proceder à minagem e armadilhamento de todos os trilhos usados pelo inimígo, nomeadamente aqueles, que vindo da fronteira, lhe podem permitir actuar sobre ALDEIA FORMOSA.
5.- Assegurar todo o controle da região de SARE AMADI-CONTABANE, com intensívos patrulhamentos.
6.- Reconhecer a zona da fronteira para poder ajustar os planos de fogo da defesa sobre as áreas mais prováveis para a instalação das bases de fogo do inimígo.
7.- Colaborar na defesa imediata de ALDEIA FORMOSA, assegurando na medida do possível, a segurança próxima, executando emboscadas nocturnas, montadas sobre as prováveis posições a ocupar pelo inimígo a fim de levarem a cabo as flagelações.
8.- Organizar e escoltar as colunas de reabastecimento, executadas de ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA. Assim fica prevista a actuação de todos os Grupos de Combate, em qualquer ponto da Zona de Acção do C.O.P.- 4.
Em toda a zona, o terreno é pouco elevado, não se diferenciando das restantes zonas da GUINÉ. A Zona de Acção é atravessada por vários rios, salientando-se que os mais importantes são o Rio CORUBAL, que a limita a Norte e os seus afluentes Rio GUNOBA e Rio CAHIEL. Paralelamente à fronteira a cerca de 04 a 05 Km., corre o Rio BALANA, com os seus vários afluentes, sendo de destacar o Rio BUNHOM, Rio XILIA, Rio CONTAIOBA, Rio BUDAGUEL e Rio BUNGOFÉ. Com excepção dos Rios CORUBAL e BALANA, todos os restantes são muito pouco caudalosos pois, todos secam na época das secas, sendo alimentados pelas chuvas, com as suas nascentes nas bolanhas, com excepção do Rio CORUBAL. Dada a grande quantidade de água que cai, torrencialmente, na época das chuvas, o terreno torna-se impermiável, apresentando grandes extenções de terreno alagadiço, o que dificulta muito a progressão das Nossas Tropas na mata, bem como as ligações pelas picadas, especialmente entre ALDEIA FORMOSA e BUBA. Algumas destas picadas a que poderemos chamar estradas pois passamos nelas com as viaturas, existem troços como entre BUBA-NHALA e MAMPATÁ-ALDEIA FORMOSA que são difícilmente transitáveis. A estrada se assim se pode chamar que liga ALDEIA FORMOSA ao Rio CORUBAL que passa por PATEMBALÓ, é transitável durante todo o ano, embora com bastante dificuldades na época das chuvas. Entre ALDEIA FORMOSA e SALTINHO também existe uma ligação que passa por SARE AMADI e CONTABANE, a qual está interdita tendo sido abandonada. Ligando ALDEIA FORMOSA à CHAMARRA, existem duas estradas, uma das quais é directa passando a outra por MAMPATÁ. Da CHAMARRA existe uma outra que nos liga a GAMDEMBEL, embora esteja também interdita e abandonada.
Pela C.CAÇ. 1792 foi-nos informado que, desde 1968 a actividade do inimígo havia aumentado fazendo várias flagelações aos aquartelamentos e atacando as Nossas Tropas, quando da execução da sua actividade operacional. Mais informaram que, estava referenciado um "Bi-Grupo" inimígo em MAMPATÁ BACIRO e outro em KANSEMBEL. No entanto, são estes e outros grupos não referenciados, que dadas as suas constantes deslocações, não se podem localizar em qualquer época. Salientamos que, depois da nossa chegada e até 30 de Setembro de 1969, o inimígo fez várias ataques de curta duração a ALDEIA FORMOSA, verificando-se que, as fazia com alguma precaução e a medo pois, os impactos ficavam bastante longe do nosso aquartelamento. Não poderemos deixar de evidênciar a acção do inimígo, nas emboscadas montadas às colunas que fazíamos de ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA, bem como a montagem de "MINAS" Anti-carro e Anti-pessoal, com que nos brindavam, as quais eram fácilmente detectadas pelas nossas forças encarregadas da picagem, extenuante e intensíva, menos de palmo a palmo, evitando assim grande número de baixas. As forças da C.ART.2521 fizeram fácilmente a sua adaptação tanto ao clima como ao terreno. Talvez, quem sabe se, o "BATISMO DE FOGO" que a Companhia teve ainda antes da chegada, aquando da vinda em coluna para ALDEIA FORMOSA, na emboscada que o inimígo montou na Zona de SARE USSO, tivesse sido um alerta e uma boa contribuição para o nosso sucesso.
Com constantes patrulhamentos, as Nossas Tropas fizeram o reconhecimento de toda a Zona de Acção da Companhia, dedicando nela toda a sua grande coragem, vontade e esforço. O calor, as chuvas e longos patrulhamentos com emboscadas, quer diurnas quer nocturnas, faziam com que o cansaço se apoderasse das Nossas Tropas. Porém, tinham uma missão a cumprir e, por isso não paravam, caminhando sempre em frente, pois era esse o lema e a vontade férrea, de todos os nossos homens. Neste período, um dos grandes esforços, foi o dispendido, em toda a organização e escolta das colunas de reabastecimento de ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA, para as quais a Companhia sempre actuou com 02 Grupos de Combate, sendo digno de louvar, todo o esforço e coragem com que se entregaram todos os homens da C.ART. 2521, que tão bem souberam cumprir a sua missão neste período de tempo. A partir deste momento irei descrever, mensalmente, as actividades da C.ART. 2521, de maior relevância, para melhor se poder ver a determinação e empenho dos seus homens.
JUNHO - 1969
Dia 05 - Durante a coluna efectuada de BUBA-ALDEIA FORMOSA, na qual como habitualmente a Companhia tomou parte, um Grupo inimígo, estimado em 50 elementos, emboscou as Nossas Tropas a Sul do cruzamento de SARE USSO, com Armas Ligeiras e Lança Granadas Foguete, causando às Nossas Tropas 02 feridos sendo 01 Soldado ultramarino com gravidade e 01 Caçador Nactivo ferido ligeiramente. Foram ainda detectadas e levantadas 02 minas Anti-Carro TMD sendo que, uma estava reforçada com 02 Granadas de Rockete e uma Barra de Trotil com cerca de 02 Kg.. Perante a resposta da nossa força, o inimigo retirou, com baixas prováveis a avaliar pelo nosso reconhecimento.
Dia 18 - Sob o comando do Alferes ANTÓNIO JOSÉ SOARES FERNANDES, um Grupo de Combate da C.ART. 2521, o PEL.CAÇ.NAT.68 e ainda 04 Caçadores Nactivos do PELOTÃO RELAMPÂGO, interceptaram uma coluna de reabastecimento do inimígo, isto no intervalo de uma coluna que vinha de BUBA para ALDEIA FORMOSA, efectuada em duas partes. A primeira parte já havia passado. Faltava passar a segunda que era constituída especialmente por máquinas da empresa TECNIL destinadas à construção do Aérodromo de ALDEIA FORMOSA. Foi no espaço de tempo que mediou entre as duas colunas que as Nossas Tropas emboscadas em UANE, interceptaram a dita coluna de reabastecimentos do inimígo. As Nossas Tropas não sofreram qualquer baixa, mas o inimígo teve 02 mortos confirmados e vários feridos, tendo ainda sido capturados 25 Detonadores Eléctricos, 24 Granadas R.P.G.-7 com as respectivas Cargas Propulsoras, várias Catanas, algum Material Escolar, 01 Pasta com Documentos e ainda diversos artigos como Géneros, Vestuário, Fardamento, Calçado e Tabaco.
Dia 29 - Quando a coluna que seguia para BUBA passava por SARE USSO, o inimígo desencadeou uma emboscada, fazendo fogo com Morteiro 82, R.P.G.-2 e Armas Ligeiras. As Nossas Tropas embora ripostando com a agressividade que lhe era peculiar, não pôde evitar de ter 02 feridos graves e 02 feridos ligeiros, causados a 04 Caçadores Nactivos.
JULHO - 1969
Dia 13 - Foram ouvidos em ALDEIA FORMOSA 03 tiros e uma rajada curta, efectuada com Armas Ligeiras, na direcção de SARE AMADI.
Dia 26 - Num patrulhamento com 02 Grupos de Combate ao passar por CONTABANE, as Nossas Tropas detectaram trilhos do inimígo nos sentido Norte Sul mesmo em CONTABANE, bem como no pontão da mesma tabanca.
Dia 31 - Ao fazerem o regresso da coluna auto a ALDEIA FORMOSA, à passagem pela "BOLANHA DOS PASSARINHOS", a uma distância de aproximadamente 1200 metros, do desvio da Estrada Nova para a Estrada Velha, a primeira viatura da coluna, uma GMC, accionou uma mina Anti-Carro reforçada, tendo deixado a via parcialmente destruída, bem como a quase totalidade da carga. Deste rebentamento ficámos com 01 ferido grave e 01 ligeiro do PEL.CAÇ.NACTIVOS e mais um ligeiro, o Soldado da Metrelhadora. Retomadada a marcha da coluna ao passar a segunda viatura, no lugar da primeira, e uma vez que passava mais pela borda, o atrelado daquela, foi accionar uma mina Anti-Pessoal, que lhe destrui o peneu. Entretanto, a coluna reiniciou a marcha, tendo ficado as forças da C.CAÇ.2382, que estavam ali presentes por terem vindo picar a estrada e manter a segurança, com a missão de levarem a viatura sinistrada. Ao passar por MAMPATÁ as forças da C.ART.2519 informaram que na zona onde fizeram a respectiva picagem e segurança, também levantaram 01 mina Anti-Carro e 08 Anti-Pessoal.
AGOSTO - 1969
Dia 03 - Foram ouvidos em ALDEIA FORMOSA, alguns rebentamentos na direcção de SARE AMADI.
Dia 06 - Durante a coluna de ALDEIA FORMOSA para BUBA, na tabanca de UANE, o inimígo accionou um "Fornilho" comandado à distância, causando às Nossas Tropas a destruição parcial de 01 viatura GMC, 03 mortos, sendo 02 civis e um soldado ultramarino, 08 feridos graves, sendo que seis eram civis e 05 feridos ligeiros também civis. De salienter que, nesta coluna a C.ART.2519, encarregada da picagem e segurança, antes desta ocorrência já haviam leventado 02 Minas Anti-Pessoal entre SARE USSO e UANE.
Dia 09 - Durante a coluna de BUBA para ALDEIA FORMOSA, um grupo inimígo estimado entre 40 a 50 elementos emboscou as Nossas Tropas em toda a extenção da coluna abrindo fogo com Armas Ligeiras, Morteiros 82 e R.P.G.-2 na região de SARE USSO, tendo as Nossas Tropas, de imediato ripostado, com grande determinação, chegando mesmo a perseguir o inimígo a quem, pelos vistígios deixados, causou prováveis baixas. O nosso pessoal nada teve.
Dia 18 - Quando as Nossas Tropas efectuavam um patrulhamento com 02 Grupos de Combate, encontraram cerca de 20 elementos do inimígo que, se dirigiam pela margem esquerda do Rio BALANA, junto ao trilho que leva a JAEL. Abriu fogo sobre eles que, atendendo ao factor surpresa e à determinação dos Nossos Soldados puseram-se de imediato em fuga, levando consigo alguns feridos, pelos vestígios de sangue deixados
UM POUCO DE HISTÓRIA
Depois de todo este tempo de permanência em ALDEIA FORMOSA, vou aproveitar para fazer um pequeno interregno, até para não se tornar tão pesada e cansativa a leitura, fazendo uma pequena e resumida avaliação de ALDEIA FORMOSA.
A População Civil vive distribuída em duas tabancas, a de MONSANTO e a de QUEBO, sendo a este conjunto que chamamos de "ALDEIA FORMOSA". Aqui, mesmo encostadinho, entre as duas e o Aérodromo (PISTA) está o nosso aquartelamento. Não há dúvida, que para a população nativa não poderia haver melhor localização, para obter , incondicionalmente, todo o nosso apoio.
Existem ainda outras 06 (seis) tabancas perto, devidamente apoiadas por toda a tropa de ALDEIA FORMOSA. São as tabancas de ÁFIA, MALIBULA, CAUSSARÁ, UMAR HELA, PATEMBALÓ e CHAMARRA, havendo nestas duas últimas 01 PELOTÃO DE CAÇADORES NACTIVOS, em cada. Na verdade, existe uma pequena população de cerca de 2500 habitantes, constituída por vários Grupos étnicos como "FUTA FULAS", "FULAS FORRO", "FULAS CATIVOS" uma pequena quantidade de "BALANTAS" e ainda os "FULAS" sendo este o Grupo étnico predominante, mais importante e numeroso.
Cada étnia fala o seu dialecto, embora haja , no entanto o "MARABU" que está bastante divulgado e praticado na escrita. A par disto e para se entenderem, as várias étnias, existe um outro dialecto que é uma mistura, que todos sabem falar denominada por "CRIOULO". O Português, também está a ser correctamente falado por alguns, especialmente pela gente mais jovem.
Quase todos os habitantes praticam como religião principal o "ISLAMISMO". É aqui em ALDEIA FORMOSA que vive o chefe religioso de todos os "FULAS" o CHERNE RACHIDE, independentemente do Grupo étnico, para toda a GUINÉ e, mesmo para os que estão além fronteiras.
No aspecto económico e dadas as condições de guerra em que toda a zona vive, o terreno de cultivo é bastante limitado. Existem terras que já foram e que agora não são cultivadas, devido à situção. Poderia ser uma mais valia para toda a população mas, é muito mais cómodo viver à sombra da tropa, que lhes dá desde alimentos e transporte para o trabalho próprio, quando um pouco mais afastado. Aproveitam também para comerciar algumas vacas, cabritos, galinhas e frutos como bananas e ananases, que nascem quase expontâneamente, sendo que todos estes bens, lhe garantem um mínimo de subsistência, embora muito pobre. Também o emprego de possoal nas obras, assalariados, caçadores e até mesmo as lavadeiras, permite adquirir daí alguns fundo, não sendo um trabalho tão exaustivo como a cultura das bolanhas e outros terrenos. Contudo, ainda são várias as bolanhas cultivadas, pelo menos as mais próximas, que têm a garantia da segurança das Nossas Tropas.
Como analise final e em conclusão, verificamos que eles não têm qualquer ideia fixa em ajudar as Nossas Tropas. Só o fazem, apenas porque é menos cansativo e mais rendoso. Continuando...
SETEMBRO - 1969
Nota-se uma grande e considerável baixa de actividade do inimígo, não só porque se deixaram de fazer as colunas de reabastecimentos, mas porque começam as chuvas. O inimígo nesta altura vira-se mais para ataques que consideramos mais "flagelamentos" aos aquartelamentos, pois são efectuados a longa distância e de pouca duração, sem qualquer eficácia. O terreno torna-se intensamente alagado, atingindo um elevado grau de saturação que, se as estradas eram pouco transitáveis agora estão intransponíveis. Embora com muitas dificuldades entre MAMPATÁ e ALDEIA FORMOSA, lá vamos conseguindo passar com viaturas.
Mesmo nos patrulhamentos que os nossos Grupos de Combate fazem dentro da Zona de Acção que lhe está distribuida, são feitos com muitas dificuldades, especialmente ao passar os rios. Também a nossa progressão no terreno, tem que ser redrobrada em atenção e cuidados, uma vez que a vegetação e o capim crescem muito ràpidamente, modificando a paisagem bem como os pontos de referência, dia após dia. Toda esta situação obriga a que a C.ART.2521 fique ùnicamente com a missão de manter toda a Zona de Acção livre do inimígo, efectuando constantes patrulhamentos a nível de Grupo de Combate, seguido de emboscadas, predominando as nocturnas, ficando assim com um melhor conhecimento dos terrenos que pisa conjuntamente com o inimígo, do qual nunca teve medo. Mais uma vez é de salientar a actividade operacional desenvolvida pela Companhia, bem como a eficácia dedicada ao seu cumprimento. Neste mês, embora não havendo qualquer contacto com o inimigo, à a assinalar:
Dia 11 - Foram ouvidos rebentamentos de Morteiro 82 entre JAI ULI e CHICAMBILÓ.
Dia 12 - Novamente foram ouvidos 30 rebentamentos de Morteiro 82 entre JAI JULI e CHICAMBILÓ.
Dia 27 - Foram também ouvidos rebentamentos de Morteiro 82 entre JAI JULI e CHICAMBILÓ. Todos os rebentamentos nestes dias foram bastante longe.
Nesta Altura, a população sentindo a segurança contínua, realizada pelos patrulhamentos e emboscadas feitas pelas Nossas Tropas, trabalha no cultivo de alguns campos de arroz, que ficam normalmente nas Bolanhas, mais próximas do aquartelamneto.
OUTUBRO - 1969
A missão da Companhia continua de acordo com o Plano de Operações do C.O.P.- 4 "ORFEU ORIENTAL" não havendo qualquer modificação ao plano que vinha sendo executado.
O PELOTÃO DE MANDINGAS, que estava a reforçar a Companhia foi para BOLAMA, juntando-se à sua unidade de origem C.CAÇ.2592. O inimigo continua a evidenciar-se pelas "flagelações" nas regiões de JAI JULI e CHICAMBILÓ, com Morteiro 82, não havendo consequências. As Nossas Tropas continuam a actividade operacional que vinham fazendo no período anterior, com os constantes patrulhamentos e emboscadas, limitando-se o inimígo a flegelár como habitualmente, as zonas onde as Nossas Tropas emboscam, o que causa alguma insegurança na Companhia, mas não medo, que foi o que até agora nunca houve.
Também o inimígo demonstra algum cansaço, devido às chuvas e até porque o Rio BALANA não lhes permitia fazer a passagem, devido ao seu caudal, para atacarem as Nossas Tropas de mais de perto, bem como as bolanhas que se encontram totalmente alagadiças não lhe permitiriam efectuar a retirada, convenientemente.
Dia 05 - Batem toda a zona entre CHICAMBILÓ e JAI JULI, com Morteiro 82, onde as Nossas Tropas estiveram emboscadas, até momentos antes. Não houve qualquer consequência, tendo o inimígo sido atacado com Fogo de Artilharia para as suas bases prováveis, entre o Rio BUNHOM e o Rio BUNGOFÉ.
Dia 07 - O inimígo ataca com Morteiro 82, durante 20 minutos, a região de CHICAMBILÓ, próximo do local onde estavam as Nossas Tropas emboscadas, sem nada a registar. As Nossas Tropas, pediram e orientaram o Fogo de Artilharia para a base provável do inimígo.
Dia 22 - Novamente com Morteiro 82 batem toda a zona de CHICAMBILÓ e JAI JULI, sem qualquer consequência pois era fogo perdido.
Dia 24 - Com Morteiro 82, durante 15 a 20 minutos, batem da região do Rio BUNISSA e Rio BUNGOFÉ para a toda a zona de CHICAMBILÓ-Rio CANCURÂ-JAI JULI, sem qualquer consequência, tendo sido uma vez mais, brindados, com o nosso Fogo de Artilharia.
Dia 25 - Durante 10 a 15 minutos, com Morteiro 82 da região do Rio BUNHOM para a região de JAI JULI-CHICAMBILÓ, tendo mais uma vez as Nossas Tropas reagido pelo Fogo de Artilharia. É de salientar que todos estes ataques que consideramos mais "flagelações" que ataques, eram divulgadas pelo inimígo como ataques a ALDEIA FORMOSA, com feridos e mesmo mortos, o que não era verdade.
NOVEMBRO - 1969
No início do mês é desfeito o C.O.P.- 4, sendo entregue a responsabilidade do Sector, ao BATALHÃO DE CAÇ. nº 2892, tendo sido atribuida à C.ART.2521, segundo o Plano "GALGOS LIGEIROS", a seguinte missão:
1. - Manter toda a segurança imediata aos trabalhos do Aérodromo, vulgarmente por nós tratado como "PISTA", bem como efectuar a segurança próxima que coincide, com a segurança próxima de ALDEIA FORMOSA.
2. - Organizar e efectuar todas as colunas ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA, conjuntamente com a C.CAÇ.2615. De acordo com o Plano de Operações "GALGOS LIGEIROS" as Nossas Tropas além de executarem a segurança próxima e imediata de ALDEIA FORMOSA, têm também que montar algumas emboscadas em zonas mais afastadas.
Nos últimos dias de Novembro o inimígo insistiu, com mais frequência nas regiões já habituais de JAI JULI e CHICAMBILÓ, sendo esta uma zona normalmente patrulhada pelos nossos Grupos de Combate em segurança próxima aos trabalhos que a "TECNIL" efectua na PISTA de ALDEIA FORMOSA, tendo a considerar a seguinte actividade do inimígo:
Dia 04 - Quando 02 Grupos de Combate efectuavam um patrulhamento por CHICAMBILÓ e Rio BALANA, ao chegar a este, foram atacados por um grupo inimígo, quantitativamente não estimado, durante 05 minutos, com Canhão S/Recuo e Morteiro 82. As Nossas Tropas pediram e corrigiram Fogo de Artilharia para VENDU CONDIDJA, provável local da base inimíga.
Dia 15 - Foi interceptado na região de CHICAMBILÓ 01 elemento inimígo que trazia uma Pistola "TOCARÉU", o qual declarou que vinha apresentar-se às autoridades Portuguesas e que pertencia ao Bi-Grupo do Filípe de MAMPATÁ BACIRGO.
Dia 20 - Um grupo inimígo não estimado, flagelou a região do Rio CANCURÃ durante 20 minutos, admitindo-se ter sido utilizado Canhão S/Recuo. Não houve consequências, tendo as Nossas Tropas reagido com Fogo de Artilharia.
Dia 24 - Um grupo inimígo não estimado, flagelou com 06 Granadas de Armas Pesadas a região de CHICAMBILÓ-JAI JULI, sem consequências. As Nossas Tropas reagiram com Tiros de Artilharia para a sua provável posição e itinerário de retirada.
Dia 26 - Às 09H30 um grupo inimígo atacou as Nossas Tropas, num patrulhamento na região JAI JULI-CHICAMBILÓ com 06 tiros de Canhão S/Recuo. As Nossas Tropas pediram Fogo de Artilharia começando de imediato uma infliltração ofensiva na zona do Rio BALANA, tendo pelas 18H10 emboscado em CHICAMBILÓ. Mais tarde, ouviram 43 rebentamentos de Morteiro 82 na direcção de BUNGOFÉ, não tendo sido possível localizar a base do inimígo.
Dia 28 - Num patrulhamento à região do Rio BALANA pelo trilho de BUNGOFÉ, foram encontradas perto do rio, 10 casas de mato a uns 150 metros á esquerda do referido trilho. Já quase destruidas estavam 06, procedendo as Nossas Tropas ao incêndio controlado das restantes. Não havia vestígios recentes do inimígo pelo que deduzimos que, já haviam sido abendonadas há algum tempo. Às 22H00 um grupo inimígo não estimado, atacou ALDEIA FORMOSA, o que nós consideramos mais um "flagelo", com 20 Granadas de Morteiro 82 e 05 Granadas de R.P.G.-2, durante 15 minutos, da direcção de JAI JULI e SARAMADI, sem consequências para as Nossas Tropas, que reagiram com Fogo de Artilharia para as posições mais longíncuas e com Morteiro 81 para as posições mais próximas, causando esta manobra um ferido confimado ao inimígo.
Dia 29 - Com 02 Grupos de Combate organizámos uma "Patrulha de Combate e Infiltração", com o fim de conhecer as posições do inimígo, utilizadas durante o ataque a ALDEIA FORMOSA no dia anterior, o seu itinerário de aproximação e da sua retirada. Concluímos que, pelas pegadas deixadas, o inimígo bastante numeroso, fez a sua aproximação pelo trilho de BUNGOFÉ, contornou a Tabanca de SARE AMADI, pelo lado esquerdo tendo entrado na estrada de CONTABANE, montando ao longo desta os seus postos de segurança.
Aqui, montou 02 Morteiros 82 em plena estrada a cerca de 1500 metros de JAI JULI e 01 Morteiro 82 numa clareira a 20 metros da mesma estrada em JAI JULI. Este morteiro teve pouca actuação devido ao fogo das nossas morteiradas que lhes caíram muito perto.
Na estrada a cerca de 100 metros da posição da base do Morteiro inimígo, encontrámos um rasto de sangue indo em direcção a uma árvore onde acabava numa pasta de sangue e restos de ligaduras ensanguentadas. A 04 metros estava um sinal do rebentamento dos nossos Morteiros. A pouca distância do Rio JAIJULIEL, localizámos 03 saídas de R.P.G.-2, que haviam sido disparadas por um pequeno grupo de 05 ou 06 elementos. Na retirada o inimígo utilizou o mesmo itinerário com excepção de contornar a antiga tabanca de SARE AMADI pelo outro lado.
Daqui concluímos que o inimígo seguiu as Nossas Tropas que haviam patrulhado toda a zona de Aldeia Formosa até ao Rio BALANA no dia 28.
Nesta altura deixa de comandar a Companhia o Senhor Capitão Miliciano JOSÉ DE SOUSA RAMOS DUARTE o qual foi evacuado para a Metrópole.
Assumiu o comando, não o Alferes mais antigo, uma vez que se encontrava a gozar a licença disciplinar na Metrópole mas sim, o Alferes Miliciano ANTÓNIO JOSÉ SOARES FERNANDES.
De toda a actividade que a C.ART.2521, desenvolveu sob o comando do C.O.P.- 4, mereceu o louvor que a seguir trancrevo:
- LOUVO A C.ART.2521 PORQUE DURANTE A SUA PERMANÊNCIA NA ZONA DE ACÇÃO DO C.O.P.- 4 SEMPRE CONSTITUIU UMA SUBUNIDADE COM MUITO BOA CAPACIDADE OPERACIONAL, GRANDE ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO E ELEVADO SENTIDO DE MISSÃO. DESENVOLVENDO SEMPRE GRANDE ACTIVIDADE OPERACIONAL DENTRO DA ZONA DE ACÇÃO QUE LHE FOI ATRIBUIDA, MATERIALIZADA PELOS CONSTANTES PATRULHAMENTOS E EMBOSCADAS QUER NOCTURNAS QUER DIURNAS. A C.ART.2521 PROCEDEU IGUALMENTE À REALIZAÇÃO DE GRANDE NÚMERO DE ESCOLTAS E COLUNAS ALDEIA FORMOSA/BUBA, MOSTRANDO SEMPRE UMA UNIDADE COESA E DINÂMICA. DESTE MODO A C.ART.2521 CONTRIBUIU EM ELEVADO GRAU NA LUTA CONTRA O TERRORISMO NO SECTOR DO C.O.P.- 4, CONSTITUIDO UMA SUBUNIDADE, QUE ESTOU CERTO, QUALQUER COMANDO DESEJA TER SOB AS SUAS ORDENS. DEZEMBRO - 1969.
A missão da C.ART.2521 não sofreu qualquer alteração ao Plano de Operações "GALGOS LIGEIROS". Após o último período das chuvas, começaram a ser transponíveis os itinerários o que permite que se comessem a realizar as colunas de reabastecimentos de ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA.
Passa a comandar a Companhia o Senhor Capitão Miliciano JACINTO JOAQUIM AIDOS.
Nota-se neste período um ligeiro acréscimo nas actividades do inimígo, talvez motivado pelo fim das chuvas e, fim das culturas de arroz, onde o inimígo também teria um grande grupo de elementos. Insistente actuação inimíga na região entre a Fronteira e o Rio BALANA, com a nítida intenção de mostrar que, tinha assegurado o control da região, o que não era verdade pois que, as Nossas Tropas continuam de ânimo bem levantado cumprindo a sua missão, com bastante insistência em toda a zona, tendo provocado mesmo alguns contactos. Porém, o inimígo pretende manter nas Nossas Tropas um clima de insegurança com os ataques "flagelações" às zonas onde costumamos fazer as nossas infiltrações, patrulhamentos e emboscadas.
DEZEMBRO - 1969
Dia 10 - Uma Secção da C.ART.2521 em reforço dum GRUPO DE COMBATE da C.CAÇ.2615, quando efectuava um patrulhamento junto ao Rio BALANA pelo trilho de BUNGOFÉ, sofreu 03 emboscadas consecutivas, embora de pouca duração.
Após a 3ª emboscada o Grupo acima referido, foi reforçado por Homens da C.ART.2521, que foram, voluntàriamente de ALDEIA FORMOSA, uma vez que o inimígo se encontrava emboscado e bem armado. Do confronto as Nossas Tropas nâo sofreram baixas, tendo o inimígo fugido em debandada com a nossa perseguição. Porém houve 02 feridos, Soldados da Milícia, com alguma gravidade, os quais foram evacuados de Helicóptero. Todas estas operações, tiveram a protecção do "HELI-CANHÃO", pedido para o efeito, atendendo a zona e próximidade do inimígo.
Dia 14 - Foram ouvidos em ALDEIA FORMOSA muitos rebentamentos de Morteiro 82 sobre a região de CHICAMBILÓ e JAI JULI. Neste momento as Nossas Tropas que se encontravam emboscadas em JAI JULI referênciaram as saídas do fogo inimígo, junto ao Rio BALANA na direcção da nascente do Rio BUNGOFÉ, para onde lançámos algumas granadas de morteiro que o silênciou.
Dia 16 - O inimigo ataca com cerca de 30 granadas de Armas Pesadas, caindo e rebentando as mesmas na região do Rio CAMAINA entre JAI JULI e SARE AMADI.
JANEIRO - 1970
Continuamos a efectuar patrulhamentos para a zona fronteiriça em coordenação com as Forças da C.CAÇ.2615, bem como, continuamos a organizar as culunas de reabastecimento ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA bem como as respectivas escoltas, mantendo também, toda a segurança aos trabalhos da "PISTA" de ALDEIA FORMOSA.
Notamos que o inimígo durante todo o mês lutou na zona da Fronteira, com grande carência de efectivos, limitando-se a actuar sobre os "GILAS"(nativos que se dedicavam a contrabandear bens e também informações entre Aldeia Formosa e a Rep. da Guiné) e, apenas uma vez na região de MAMPATÁ BACIRGO.
Deixou de flagelar as zonas de CHICAMBILÓ-JAI JULI-SARE AMADI, registando-se ter havido um reforço do inimígo na região de KANSEMBEL e também em MAMPATÁ BACIRGO, com Bi-Grupos vindos da Base de KANDIAFARA, tendo vindo também desta base um Grupo de Armas Pesadas, para KANSEMBEL.
Tivemos a visita de SUA EXA. O GOVERNADOR COMANDANTE CHEFE, DAS FORÇAS ARMADAS DA GUINÉ, desejando a todas as forças aquarteladas em ALDEIA FORMOSA os maiores sucessos, dirigindo votos de felicidades para o ano que começava. Dirigiu também palavras elogiosas, enaltecedoras de agradecimento, pela maneira como vimos cumprindo a nossa missão.
Durante este mês não houve quaisquer contactos com o inimígo, apesar de ele continuar a bater insistentemente, as zonas por nós patrulhadas e onde emboscávamos. Até parece que o inimígo controla as nossas posições e tem medo de atacar pois só bate as zonas depois da nossa retirada. As Forças da C.ART.2521, continuam a cumprir integralmente a sua missão.
FEVEREIRO - 1970
A C.ART.2521 mantém a mesma actividade, cumprindo com eficiência a sua missão de protecção imediata e próxima aos trabalhos da "PISTA", bem como organizado e escoltado as colunas de ida e volta a BUBA para reabastecimento. Salienta-se a colocação pelo inimígo, de "MINAS" na região de CONTABANE, pois uma delas foi acionada no trilho desta tabanca, pelos "GILAS". Não tivemos qualquer contacto próximo com o inimígo, até porque ele volta a diminuir os seus efectivos concentrando-se na região de KANDIAFARA.
Dia 02 - Aproximadamente cerca de 30 elementos com base entre JAI JULI e SARE AMADI atacaram ALDEIA FORMOSA com 15 granadas de Morteiro 82 e Canhão S/Recuo, sem qualquer efeito pois cairam e rebentaram longe, o que mostra que o inimígo age com cuidade e receio de se aproximar.
MARÇO - 1970
Por ter terminado a sua comissão de serviço deixou de comandar a C.ART.2521 o Sr. Capitão Miliciano JACINTO JOAQUIM AIDOS.
Assumiu o seu comando o Sr. Alferes Miliciano ROGÉRIO DA SILVA CORREIA por ser o mais antigo.
É inaugurado, finalmente, o Aérodromo (PISTA) de ALDEIA FORMOSA, embora não se dessem por findos os trabalhos.
As Nossas Tropas continuam a lutar para que os trabalhos finais e de manutenção da "PISTA" não sofram qualquer alteração, impedindo assim as acções do inimígo. Com muita garra e valentia, se tem lançado nos constantes patrulhamentos e emboscadas. Entretanto e práticamente com a conclusão das obras da "PISTA as colunas de reabastecimento que vinham sendo feitas com um ritmo muito acelarado, de 05 em 05 dias, deixaram de o ser, uma vez que, com a conclusão das obras da "PISTA", já não é necessário transportar de BUBA todos os materiais para o efeito.
Com vista à visita Ministerial em 18 do corrente o inimígo voltou a reforçar os efectivos das Bases, estimando-se que disponha neste momento de 02 Grupos em KANSEMBEL e 01 Grupo em MAMPATÁ BACIRGO. Não houve qualquer contacto próximo com o inimígo, uma vez que os Nossos Homens lhe impunham respeito e mesmo medo o que foi confirmado quando foi interceptado 01 guerrilheiro inimígo em JAEL. No entanto...
Dia 13 - O inimígo atacou da região de VENDU CONDIDJA, lançando 10 Granadas de Morteiro 82, as quais rebentaram na região entre CHICAMBILÓ e o Rio BALANA, sem consequências.
Dia 17 - Uma Parelha de aviões "T-6" em passagem de rotina e apoio às Nossas Tropas, detectou perto do trilho de BUNGOFÉ, bem junto à Fronteira, alguns movimentos suspeitos, do inimígo que, depois da confirmação que não eram Tropas Nossas, abriu fogo sobre eles. Viemos a saber por notícias posteriores e outras fontes informativas que foram causados ao inimigo 04 mortos e vários feridos.
Dia 20 - Numa Operação organizada, composta por Forças da C.CAÇ.2615 estes foram emboscadas pelo inimígo junto do Rio BALANA perto de BUNGOFÉ e em SARE AMADI. Como eram muitos, estavam emboscados e bem armados, dentro dos seus próprios terrenos, a coisa começou a ficar feia para as Nossas Tropas. Entretanto, 02 GRUPOS DE COMBATE, organizados voluntàriamente, da CART. 2521, foram em seu socorro. O inimígo, apercebendo-se da nossa chegada pôs-se em fuga não dando oportunidade de qualquer contacto próximo, apesar da nossa renhida perseguição, confirmando assim o respeito e medo que nos tinham.
Dia 22 - Um grupo inimígo atacou da região de VENDU CONDIDJA, com 15 Granadas de Morteiro 82, cujos rebentamentos foram na região que fica entre CHICAMBILÓ e Rio BALANA, sem qualquer consequência, pois não tinha-mos tropas emboscadas nesse local.
As Nossas Tropas têm criado um óptimo ambiente de segurança, com os constantes e permanentes patrulhamentos e emboscadas o que também transmite muita segurança na população local.
Na verdade, também estamos sempre disponíveis, para o fornecimento de escoltas e de viaturas para os seus transportes diversos, o que os vai incentivando para as culturas, mostrando-lhes assim também, que não temos a obrigação de os sustentar. Temos também sempre ao seu dispor um bom serviço de assistência sanitária e escolar.
ABRIL - 1970
Neste período foi recebida pelo Comando do B.CAÇ.2892, de quem neste momento dependemos operacionalmente, uma Directiva Operacional, a alterar a missão da CART.2521, que passou ao seguinte:
1. - Cede 01 GRUPO DE COMBATE à C.CAÇ.2614 para NHALA em 28.ABRIL.1970, ficando a partir desta data, reduzida a 03 GRUPOS DE COMBATE, na base em Aldeia Formosa
2. - Continua com a escolta de colunas de reabastecimento entre ALDEIA FORMOSA-BUBA-ALDEIA FORMOSA.
3. - Reforça a actividade da C.CAÇ.2615, na segurança afastada de ALDEIA FORMOSA.
Nêste mês, tomou posse do comando da C.ART.2521 o Sr.Capitão Miliciano de Infantaria JOSÉ VIEIRA PEDRO, deixando de a comandar o Sr. Alferes Miliciano ROGÉRIO DA SILVA CORREIA.
Salientamos pelos nossos reconhecimentos, em patrulhamentos, infiltrações e emboscadas, ter havido reforços nos efectivos do inimígo na área de KANSEMBEL, com mais 01 Bi-grupo, 01 Grupo de Canhões S/Recuo, 01 Grupo de Morteiros e ainda 02 Secções de Sapadores, o que lhes vem proporcionando uma grande insistência nos ataques a ALDEIA FORMOSA. Todos os guerrilheiros inimígos são treinados e comandados por Oficiais e especialistas Cubanos, que os orientam e acompanham no manuseamento do seu armamento.
O inimígo demonstrou grande violência, na segunda quinzena deste mês, tendo atacado pela primeira vez com "Foguetões 122", embora não tendo porém os resultados de maneira alguma correspondido aos efectivos e potencial empenhado. Notícias recebidas, a nível de Comando, referem a retirada dos reforços inimígos, permanecendo em KANSEMBEL e MAMPATÁ BACIRGO, os habituais 02 Bi-grupos. Não podemos deixar de aqui referir que, toda a conduta das acções coordenadas pelo inimígo, sobre ALDEIA FORMOSA e PATEMBALÓ efectuadas na noite de 27 e 28 deste mês de Abril, revela um cuidado e aturado planeamento, tendo em conta que todas estas acções foram orientadas e comandadas por "mercenários cubanos", como já acima referi.
As Nossas Tropas prosseguem a sua missão com o seu astral ao mais alto nível, quer em coragem, quer em ousadia e valentia, chegando por vezes a mostrar um total desprendimento da própria vida, para não colocar em risco o exito da missão. Assim salienta-mos:
Dia 12 - O inimígo atacou a Zona entre JAI JULI e CHICAMBILÓ, sendo ouvidos 18 rebentamentos de Morteiro 82, sem consequências, pois cairam depois da nossa passagem nessas zonas.
Dia 21 - A guarnição de PATEMBALÓ foi atacada. Depois de dado o alarme e um pedido de socorro via rádio, foi 01 GRUPO DE COMBATE da C.ART.2521 em seu reforço. Dos confrontos o inimígo sofreu no mínimo 04 baixas, confirmadas por nítidos rastos de sangue em abundância e pelas marcas de arrasto deixado pelos corpos. Isto foi verificado no dia seguinte ao fazer o reconhecimento. Apurou-se também, ter-se tratado de um Grupo de cerca de 20 elementos, bem treinados, os quais foram conduzidos por um guia/avançado, que se instalou na orla da mata a Este de PATEMBALÓ.
DIA 23 - Um pequeno grupo inimígo aproximou-se de ALDEIA FORMOSA, pelas 11H30, por NE, tendo executado 04 tiros de R.P.G.-7 e algumas rajadas de Armas Ligeiras, com uma duração de cerca de 03 minutos. Devido à próximidade do inimígo as Granadas caíram e rebentaram na "PISTA", tendo alguns dos projécteis atingido o aquartelamento, sem consequências. De imediato as Nossas Tropas reagiram com vários disparos de Morteiro e, um Grupo de voluntários da C.ART.2521 sob o comando do Sr. Alferes CORREIA, encetaram uma perseguição e infiltração, manobrando no sentido de interceptar o Grupo inimígo em JAI JULI. Concluida a perseguição e batida sem resultados, só se detectou a passagem do inimígo pelos seus trilhos deixados em direcção a CONTABANE.
DIA 26 - O inimígo, pelas 15H00 ataca ALDEIA FORMOSA com "Foguetões 122", vindos da direcção de KANSEMBEL, caindo na "PISTA" e imediações sem qualquer resultado. Contudo ainda caíram perto de 01 GRUPO DE COMBATE da C.ART.2521 que estava no exterior em patrulhamento e emboscada. Foram por nós recolhidos 08 Tubos Propulsores.
Aqui, não posso deixar de referir a ousadia e valentia demonstrada pelo Furriel Miliciano ANTÓNIO CORDEIRO SOARES, que se empenhou no levantamento de um "Foguetão" que penetrou na terra sem ter rebentado, perto do aquartelamento. Ninguém o conseguiu demover da ideia que, na verdade nem ele nem ninguém sabia como iria acabar tão ousada aventura. Porém, passado algum tempo de trabalho, durante alguns dias ele concluí com exito aquilo a que se tinha proposto, voluntáriamente. Para ele o meu apreço bem como de todos os camaradas, pois na altura até pensámos ser uma aventura que poderia ter um fim trágico.
DIA 27 - Estando PATEMBALÓ pelas 22H00 a ser atacado, saíu de pronto de ALDEIA FORMOSA, em reforço desta guarnição 01 GRUPO DE COMBATE (voluntários) e o PELOTÃO DE RECONHECIMENTO FOX-2175. Ao chegarem a cerca de 50 metros de PATEMBALÓ, foram emboscados por um Grupo inimígo que fez accionar 02 "MINAS" Anti-Carro comandadas à distância, causando avarias a 01 "WHITE".
Depois de confronto renhido, não houve baixas nem feridos da nossa parte, tendo o inimígo fugido na direcção de CONTABANE, deixando na sua fuga diverso material, por nós recolhido, bem como rastos de sangue, o que nos leva a crer que tiveram alguns ferídos e mesmo mortos.
DIA 28 - Um Grupo inimígo, que se veio a verificar, muito numeroso, atacou da direcção de SE, pelas 03H30 ALDEIA FORMOSA, quase junto ao arame farpado, durante mais de 20 minutos com Lança Granadas Foguete e Armas Automáticas, resultando 01 criança ferida e verificando-se 05 casas incendiadas. As Nossas Tropas reagiram perseguindo o inimígo com fogo de Dilagrama e Armas Ligeiras, o qual se pôs em fuga em direcção a JAEL, onde recolhemos diverso material.
Neste mesmo dia, pelas 18H00, aquando 01 GRUPO DE COMBATE da C.ART.2521, fazia um patrulhamento, em JAI JULI, deparou com 05 elementos inimígos. Sobre eles, abriu imediatamente fogo, os quais surpresos, com a nossa próximidade, reagiram com 02 Roquetadas e algumas Rajadas de Armas Ligeiras, já feitas enquanto se punham desordenadamente em fuga, com baixas provávais pelos vestígios deixados.
DIA 29 - O inimígo não nos quer dar descanso. Assim, pelas 01H20 volta a atacar ALDEIA FORMOSA com grande violência, com Armas Automáticas, R.P.G.-2 e Morteiros 120, causando alguns estragos na "PISTA". As Nossas Tropas reagiram pelo Fogo de Artilharia, mesmo apesar da próximidade do inimígo.
DIA 30 - A Companhia (03 GRUPOS DE COMBATE) comandada pelo Sr. Capitão JOSÉ VIEIRA PEDRO, efectua uma Operação de reconhecimento à Base onde se instalou o inimígo ontem, passando pelo trilho de JAEL e, verifica a existência de muitas munições de P.P.S.H. abandonadas ao longo desta picada. Verifica ainda que o Grupo inimígo devia ser superior a 100 elementos e que, os mesmos abriram uma estrada paralela ao Trilho de BUNGOFÉ, deslocando-se com viaturas até SARAMADI. Aí instalou 05 Morteiros 120, abrindo 30 abrigos para pessoal. O fogo da Nossa Artilharia atingiu em cheio as posições ocupadas pelo inimígo no dia anterior, havendo caracteras feitas pelo nosso fogo a poucos metros das posições que eles ocupavam e, estilhaços bem como sangue, dentro dos próprios abrigos. Nesta operação, as Nossas Tropas cruzaram e filtraram, perto de CHICAMBILÓ, um grupo de 03 indivíduos (GILAS) que vinham da REP. da GUINÉ e se dirigiam para ALDEIA FORMOSA a fim de fazerem compras. Depois de inquiridos e "espremidos" com apertado interrogatório, informaram ter conhecimento que o inimígo se havia deslocado em 05 viaturas, tendo atacado ALDEIA FORMOSA com 05 Grupos comandados por chefes preparados e controlados por "CUBANOS" trazendo mesmo incorporado nas suas forças, um médico cubano.
MAIO - 1970
Neste período a missão da Companhia mantem-se igual à que se desenrolou no período anterior havendo a anotar que segundo uma mensagem do Comando do B.CAÇ.2892 dirigido às C.CAÇ.2614 e C.ART.2521, ficará estabelecido como a seguir se trancreve:
"A FIM DE ASSEGURAR MAIOR EFICIÊNCIA E PERMITIR MAIOR FOLGA, CONTRAPENETRAÇÃO PASSA SER FEITA PERMANÊNCIA 01 GRUPO COMBATE CADA COMPANHIA PERÍODOS 24 HORAS, C.ART.2519 E C.CAÇ.2614 CONTAM PARA EFEITO 01 GRUPO COMBATE C.ART.2521 CADA, QUE SE MANTÉM SUA DISPOSIÇÃO ALDEIA FORMOSA, QUANDO DESEJAREM ACCIONAR ESTE G. COMBATE DEVEM FAZÊ-LO POR MSG COM 28 HORAS DE ANTECEDÊNCIA INDICANDO HORA E LOCAL EMBOSCADA. DIAS COLUNAS COMPANHIAS PODEM CONJUGAR PROTECÇÃO DESCONTÍNUA COM GRUPOS EM CONTRAPENETRAÇÃO, ANULADOS TODOS OS ANTERIORES PLANEAMENTOS CONTRAPENETRAÇÃO."
Neste período a C.ART.2521 completa um ano de serviço em comissão no C.T.I.G.. Como já hábito fez bastantes patrulhamentos e emboscadas, especialmente no Carreiro de MISSIRÃ e também no Corredor de GUILEGE quer em toda a zona próxima e afastada de ALDEIA FORMOSA.
DIA 02 - Um pequeno Grupo inimigo intercepta e assalta na zona de CONTABANE 12 "GILAS", que conduziam gado bovino, tendo 08 deles conseguido fugir.
DIA 09 - As Nossas Tropas da C.ART.2521, aquando dos seus patrulhamentos e emboscadas detectaram no "CORREDOR DE MISSIRÃ" (caminho usado pelas tropas inimigas para efectuarem as suas colunas de reabastecimento), a Norte da tabanca de UANE, pegadas da passagem do inimigo no sentido Sul/Norte.
DIA 12 - Constitui-se uma Companhia de Intervenção Rápida, sob o Comando do Sr. Capitão MARQUES da C.CAÇ.2673 de EMPADA contribuindo a C.ART.2521 com 01 Grupo de Combate, conjuntamente com 02 Grupos de Combate da C.ART.2519 sediada em MAMPATÁ e 01 Grupo de Combate da C.Caç. 2615 para colaborar com uma Companhia de PARAQUEDISTAS, na Operação "DIAMANTE AZUL" desenvolvida nas zonas de UNAL E SALANCAUR. Esta companhia tentava impedir a fuga do inimigo, enquanto a Companhia de Paraquedistas efectuava uma rigorosa batida com o intuito de capturar elementos do inimigo e respectivo material pois que segundo a informação para o mote desta operação o inimigo tentava passar para QUINARA com uma potencial coluna de reabastecimentos.
DIA 13 - Formada a Companhia, estava pronta em ALDEIA FORMOSA pelas 12H00 à ordem do Comando do Batalhão, a fim de ser Heli-transportada, para o local da operação.
DIA 14 - Pelas 7H00 o Comandante da Companhia Sr. Capitão Marques, entra em contacto directo com os comandantes dos Grupos de Combate a quem transmite o Plano para a Missão. Às 8H00 tudo a postos. De imediato no Aérodromo (PISTA) de ALDEIA FORMOSA, os Grupos de Combate são héli-transportados para a região de SAMBASÓ, onde montou uma emboscada até cerca das 15H00, enquanto a Companhia de Paraquedistas, procedia a uma minuciosa batida, tendo esta terminado em SAMBASÓ, onde foi evacuada. Durante a batida as Tropas Paraquedistas, verificaram que o inimigo deixou vestígios da sua passagem e presença, no local, dois dias antes.
Em SAMBASÓ, enquanto emboscados um elemento do Grupo de Combate da C.ART.2521 capturou um elemento inimigo que vinha armado com "ESPINGARDA SIMONOV", que foi imediatamente desarmado sem qualquer esboço de resistência. Quando questionado pela sua presença no local, afirmou ter seguido uma coluna de reabastecimentos do inimigo, composta por cerca de 40 elementos, dois dias antes, sempre a corta-mato, em direcção a BUBA. Entretanto o Grupo de Combate da C.ART.2521, procedeu a uma busca nos arredores, tendo encontrado 04 Granadas de Morteiro 82, 01 Granada de Canhão S/Recuo, 01 Mina Anti-Carro, 01 Percutore de Arma não identificada, 01 peça de Arma Pesada e Vários documentos.
Às 17H00 o Comandante da Companhia, recebeu a missão de no dia seguinte assaltar as povoações de LENGUEL e NHACOBÁ as quais eram controladas pelo inimigo. Assim, pelas 18H00 as Nossas Tropas foram héli-transportadas para perto de LENGUEL, onde se mantivaram emboscadas toda a noite.
DIA 15 - Pela manhã as Nossas Tropas iniciaram a progressão pela mata, com as inerentes dificuldades de quem pisa o terreno inimigo. Tomaram de assalto as Tabancas de LENGUEL e NHACOBÁ, tendo a população fugido em todas as direcções pela mata. Como as Nossas Tropas não queriam de forma alguma qualquer confronto com os elementos da população, embora estes fossem controlados pelo inimigo, não estavam armados, limitando-se a capturar 07 elementos da população. Passado algum tempo, vindo héli-transportado, juntou-se às Nossas Tropas Sua Exª O COMANDANTE CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS DA GUINÉ, GENERAL ANTÓNIO DE SPÍNOLA, o qual pessoalmente falou com os elementos capturados, levando alguns para Bissau.
Em NHACOBÁ, cerca das 17H00, o Comandante da Companhia recebe nova missão, para ir emboscar num trilho inimigo na zona de SALENQUEL, para onde foram novamente héli-transportados, tendo emboscado durante toda a noite na zona, fazendo a sua aproximação para o trilho pela manhã, tendo as Nossas Tropas Paraquedistas efectuado várias batidas e infiltrações, em toda a zona. Não houve qualquer contacto com o inimigo.
DIA 16 - Pelas 17H00 as Nossas Tropas foram recuperadas, dando-se por terminada esta operação, regressando ao aquartelamento em ALDEIA FORMOSA, bastante cansados, pois passaram grande sofrimento e sacrifício, quase insuportável, pela falta de água, o que levou a racionar a que tinham no cantil.
Não posso aqui deixar de realçar o entusiasmo e boa vontade com que todos os elementos das Nossas Tropas se destacaram e entregaram à operação. De salientar que a captura do elemento inimigo armado, bem como do material, foi motivo para levantar e aumentar o moral, não só das Nossas Tropas da C.ART.2521, bem como de todos os elementos restantes da Companhia de Intervenção Rápida.
DIA 18 - Foram ouvidos em ALDEIA FORMOSA muitos rebentamentos efectuados pelo inimigo, que pareciam de Canhão S/Recuobatendo a zona na direcção de SARE AMADI.
DIA 22 - Em ALDEIA FORMOSA avistámos vários sinais luminosos (verilaites) amarelos e vermelhos, com bastante frequência, da direcção de SARE AMADI e JAEL para a zona Este do Rio BALANA.
DIA 24 - O inimigo atacou a região do Rio CAMAINA montando base em VENDÚ CONDIDJA, com Canhão S/Recuo, tendo executado 30 rebentamentos,sem qualquer consequência.
DIA 25 - As Nossas Tropas da C.ART.2521, em acção de contrapenetração na região de UANE, verificaram vestígios da passagem de um grupo inimigo, de cerca de 40 elementos no sentido Norte/Sul, os quais deixaram espetados em paus, panfletos de propaganda, apelando e convidando as Nossas Tropas à deserção. Pelas pegadas, todas de indivíduos calçados, denunciou tratar-se de um grupo só de elementos armados.
DIA 29 - Em ALDEIA FORMOSA, temos conhecimento que o inimigo interceptou um grupo de "GILAS" entre JAEL e CHÁPADA, o qual ia de regresso à República da Guiné-Konacri.
DIA 30 - Novamente as Nossas Tropas da C.ART.2521, em mais uma acção de contrapenetração na região de UANE, detecta vestígios da passagem de um grupo inimigo de cerca de 30 elementos no sentido Norte/Sul, havendo algumas pegadas de "PÉ DESCALÇO", pelo que se depreende tratar-se de uma coluna de carregadores, devidamente escoltados, por homens armados pelas pégadas de "PÉS CALÇADOS". Neste mesmo dia, da parte da tarde, enquanto estavamos emboscados, foram ouvidos 02 tiros para Norte, seguidos de outros 02 para Sul. Deprendemos ser qualquer forma de se comunicarem.
JUNHO - 1970
A Companhia de Arlilharia nº 2521, na qualidade de companhia de intervenção que é, continua a manter um Grupo de Combate na contrapenetração para cada uma das companhias C.ART.2519 sediada em MAMPATÁ, e C.CAÇ.2614 sediada em NHALA, mantendo também em reforço a esta, um Grupo de Combate em NHALA e outro em ALDEIA FORMOSA, em reforço da C.CAÇ.2615.
Notamos que o inimígo, continua a desenvolver um grande esforço para se reabastecer, através do "CORREDOR DE MISSIRÃ" onde as Nossas Tropas tiveram dois contactos, sendo o último com os Soldados da C.ART.2521, os quais interceptaram uma numerosa coluna de reabastecimentos, na qual o inimígo perdeu a totalidade de material que transportava. As forças da C.ART.2521 continuam com a dura tarefa da contrapenetração por NHALA e MAMPATÁ.
DIA 03 - O inimígo ataca ALDEIA FORMOSA com Morteiros 120 e Foguetões 122, tendo transformado em base para esta operação a antiga tabanca de SARE AMADI, onde chegou com viaturas vindas da República da Guiné-Konacri, tendo aberto novos abrigos individuais e montado 04 Morteiros 120 e 02 Rampas de Lançamento de Foguetões, o que verificámos aquando do reconhecimento. Constatámos também que, o inimígo rebentou duas Minas Anti-Carro colocadas pelas Nossas Tropas. Do ataque não houve consequências, embora um dos foguetões tivesse rebentado no interior da Tabanca, mesmo junto ao nosso aquartelamento.
DIA 07 - Um grupo inimígo com base em VENDU CONDIDJA, ataca, batendo toda a zona de JAI JULI e CHICAMBILÓ, com cerca de 30 Granadas.
DIA 15 - O inimígo volta a atacar com Canhão S/Recuo, verificando o seu rebentamento na mesma zona de JAI JULI e CHICAMBILÓ. Afim de conferir maior eficácia à acção de contrapenetração no "CORREDOR DE MISSIRÃ", neste período que antecede a época das chuvas e que, por esse motivo se considera período de esforço de reabastecimento inimígo, vêm-se empenhando Grupos de Combate da Companhia de Reserva do Sector (C.ART.2521), em reforço das acções das outras duas companhias (C.ART.2519 e C.CAÇ.2614) a quem compete o esforço daquela missão. Assim,. . .
DIA 30 - O 4º GRUPO DE COMBATE da C.ART. 2521, na ausência do seu comandante Furriel Miliciano FERNANDO AUGUSTO DE ALBUQUERQUE MARQUES, comandado agora pelo Furriel Miliciano ARMANDO LUÍS DA SILVA ESTEVES recebe a seguinte missão: "INTERCEPTA E DESTROI OU CAPTURA OS ELEMENTOS E MATERIAL DAS COLUNAS INIMIGAS EM TRÂNSITO NO CORREDOR DE MISSIRÃ", na Zona de Acção da C.CAÇ.2614".
Deslocando-se o GRUPO DE COMBATE auto-transportado até MAMPATÁ e, a partir daí pela estrada MAMPATÁ/NHALA, até UANE e depois a corta-mato até ao primeiro ponto dos dois que levava referênciados (XITOLE 5D1-15) e (XITOLE 5F1-17), onde iria emboscar para interceptar o inimígo. Entretanto, quando o Grupo de Combate chega à zona de UANE, isto pelas 08H30, o respectivo comandante, como hábito, foi efectuar um reconhecimento para verificar se haviam vestígios no "CORREDOR DE MISSIRÃ", de passagem do inimígo. Eis que ao fazer a verificação, detecta 01 Mina Anti-Carro e 01 Mina Anti-Pessoal, implantadas em plena berma da estrada, que haviam ficado ligeiramente a descoberto da terra, devido à chuva. Como o Grupo de Combate não ia preparado para fazer o levantamento das MINAS encontradas, de imediato, montou a segurança ao local, ficando as Nossas Tropas emboscadas a Norte da estrada e a Este do "CARREIRO DE MISSIRÃ". Comunicando a situação para o Comando do Batalhão, tendo este, por sua vez, transmitido ordem à Companhia que encontrava em NHALA para se deslocar para o local com meios, quer pessoais quer materiais, para proceder ao levantamento das Minas.
Porém, quando este Grupo de Combate já se encontrava perto de SAMBASABALI, teve que interromper a marcha pois que um seu militar foi acometido por doença súbita e progressivamente a agravar-se o que impediu assim a progressão do Grupo. Uma falta de transmissões devido ao local onde se encontrava, impediu um contacto directo com NHALA para vir proceder à evacuação do militar doente. Verificando-se a mesma anomalia entre o Comando do Batalhão e NHALA o qual deu ordem ao Grupo de Combate para regressar a NHALA transportando o homen doente.
Assim, o Comando faz sair de ALDEIA FORMOSA o 2º Gupo de Combate da C.ART.2521, que se ofereceu voluntàriamente, auto-transportado, sob o Comando do seu Alferes, ANTÓNIO JOSÉ SOARES FERNANDES, o qual interinamente também comandava a C.ART.2521, devidamente reforçado com 01 Secção do PEL.REC.FOX.2175 em 02 viaturas "WHITE", sob o Comando do Alferes MAIA. Quando as Nossas Tropas seguiam em coluna pelas 14H45 e se encontravam já muito perto de UANE, o 4º Grupo de Combate, que se encontrava emboscado, viu 05 elementos do inimígo armados entrarem em linha na clareira a Sul da estrada. Como já se ouvia o barulho das nossas viaturas e, antes que o inimígo fugisse ou surpreendesse as Nossas Tropas que se aproximavam, o 4º Grupo de Combate sob a orientação do seu comandante abriu fogo sobre o inimígo. Este dispersou, tendo fugido alguns elementos para Norte da estrada. Nesta altura chega ao local o 2º Grupo de Combate.
O pessoal especializado e com a missão de efectuar o levantamento das Minas deu início aos trabalhos. Alguns elementos do 4º Grupo de Combate, continuaram a manter a segurança emboscados enquanto outros conjuntamente com os restantes elementos do 2º Grupo de Combate iniciaram uma batida. Primeiramente para Norte da estrada, onde detectaram vestígios do inimígo ter estado instalado. Prosteriormente as Nossas Tropas fizeram uma batida para Sul ao longo do "CORREDOR".
Quando as Nossas Tropas começaram a embrenhar-se na mata o inimígo tentou opor-se pelo fogo. Porém, perante a audácia, a ousadia e o avanço dos nossos homens, o inimígo entrou em fuga desordenada, tanto os armados como os carregadores os quais, na sua fuga foram deixando o material que transportavam. As Nossas Tropas, ousadamente continuaram a carregar sobre o inimígo, que progressivamente foi retirando, embora com grande poder de fogo e animo para recuperarem a carga deixada, tendo mesmo obrigado a que as Nossas Tropas fizessem chegar o mais à frente possível uma das viaturas "WHITE", que através do fogo da sua Metrelhadora 12,7, prestou todo o apoio possível às acções dos nossos militares. Entretanto, através do Comando em ALDEIA FORMOSA, foi pedido apoio aéreo, tendo aparecido uma parelha de dois aviões "FIAT'S", a coberto da qual as Nossas Tropas bateram o "CARREIRO" para Sul, verificando que o inimígo tinha abandonado todo o material ao longo do mesmo. Esta incursão só se deu por finda quando se verificou não haver mais material a recolher.
Pelos rastos de sangue no chão e no próprio material, o inimígo deve ter retirado com bastantes baixas. Depois de tudo isto, ainda se seguiu o carregamento do material (mais de uma tonelada) o que obrigou as Nossas Tropas a uma grande carga psicológica e a um grande cansaço pelo esforço dispendido, tendo o Comando do Batalhão ordenado às Nossas Tropas que recolhessem a ALDEIA FORMOSA, isto quando já eram 18H00. As Nossas Tropas não tiveram nem sequer feridos, tendo capturado o seguinte material:
98 Granadas Morteiro 82; 50 Cunhetes de Esp. para as Granadas de Morteiro 82; 72 Caixas de Cargas de Morteiro 82; 15 Granadas de Canhão S/Recuo 82; 03 Granadas de Canhão S/Recuo 75; 13 Granadas de R.P.G.-2; 42 Cunhetes com 24.140 Cartuchos para Esp. 7,62; 02 Cunhetes com 1260 Cartuchos para Pistola Metrelhadora 7,62; 01 Mina Anti-Carro e 01 Mina Anti-Pessoal.
Depois de tudo isto, há que salientar a determinação de todo o pessoal, salientando o Alferes Miliciano ANTÓNIO FERNANDES, que como atrás se diz se ofereceu com o seu pessoal voluntàriamente, o Furriel Miliciano de Transmissõoes ANTÓNIO MARIA QUINTAS também da C.ART.2521, que se encontrava em visita de trabalho rotineiro a MAMPATÁ, sabendo do perigo em que se encontravam os seus camaradas, voluntáriamente se integrou no 2º Grupo de Combate, quando este passou por esta tabanca, assumindo de imediato o comando de todas as transmissões, confirmando assim todas as suas qualidades de serenidade, coragem e sangue frio, tendo mais uma vez estado debaixo de fogo, orientando todas as transmissões mesmos para os meios aéreos. Relevo também para o Furriel Miliciano ANTÓNIO AGOSTINHO DOS SANTOS PINTO que por inerência de antiguidade não assumiu o comando do 4º Grupo de Combate da Cart. 2521, mas foi o elo dinamizador, pelo conhecimento que tinha com os seus homens. Não podemos deixar passar sem salientar os testeiros das Nossas Tropas, Jaime Bargado, Joaquim Raminhos, Joaquim Jesus Ribeiro, Eduardo Guerreiro e o Heleodoro Maria António (o Boliqueime), pela sua coragem, sangue frio, determinação espírito ofensivo e mesmo despreso pelo perigo, ao repelirem as várias oposições do inimígo, arrastando atrás de si todos os camaradas, obrigando assim a que o inimígo retirasse abandonando o material que transportava.
Estas acções mereceram de SUA EXA. O COMANDANTE CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS a seguinte mensagem que a seguir descrevo:
"TOMANDO CONHECIMENTO PELA FORÇA AÉREA INTERCEPÇÃO COLUNA REABASTECIMENTOS IN EM 30 JUN E BOA ACTUAÇÃO FORÇAS INTERVENIENTES, COMANDANTE CHEFE MANIFESTA SEU MUITO AGRADO DESENROLAR ACÇÃO. RESULTADO COMPENSADOR E ESPÍRITO DE MISSÃO DO ANTERIOR MANIFESTADO E ESTIMULO FUTUROS EXITOS".
JULHO - 1970.
Assume o Comando da C.ART.2521 o Alferes Miliciano ROGÉRIO DA SILVA CORREIA, por ser o mais antigo e em virtude do Sr. Capitão Miliciano JOSÉ VIEIRA PEDRO, ter ido no gozo da sua licença disciplinar.
Com o exito obtido pelas forças da C.ART.2521 no final do mês passado, as mesmas ficaram com o seu moral ainda mais levantado, lançando-se para as missões ordenadas pelo Comando do Batalhão com uma única vontade: A de VENCER. No entanto, não houve oportunidades de contacto com o inimígo, impedindo assim outros possíveis exitos. A situação geral mantem-se na mesma, continuando as Nossas Tropas da C.ART.2521 a sua actividade de acordo com o Plano de Operações "GALGOS LIGEIROS".
Começa a época das chuvas que caem já com abundância. No entanto, as estradas (picada por onde se fazem as colunas de reabastecimentos continuam a dar passagem às mesmas, atendendo a alguns cuidados de conservação que temos tido.O inimigo continua a exercer um grande esforço para conseguir passar as suas colunas dos vários reabastecimentos, através do "corredor de MISSIRÃ, utilizado os trilhos referênciados, decrescendo assim também a sua actividade. Mesmo assim...
Dia 07 - Continuando com as suas acções de contrapenetração numa das incursões pela zona de UANE, as Nossas Tropas encontraram junto da Tabanca panfletos da F.P.L.N. (Frente Patriótica de Libertação Nacional) que io inimígo deixou, como propaganda pacifista. Os Nossos Homens, ràpidamente bateram toda a zona , nada mais tendo encontrado a não ser alguns vistígios da sua passagem, com poucos elementos.
Dia 13 - O inimígo, que também observa todas as nossas movimentações e, conhecendo bem o valor das Nossas Tropas, evita encontros mas continua a bater a região de JAI JULI/CHICAMBILÓ, com Morteiros 82 e Canhão S/Recuo.
Dia 18 - A exemplo do que vai acontecendo o inimígo evita-nos a todo o custo e como sabe das nossas incursões diárias para a Zona de JAI JULI/CHICAMBILÓ, limita-se a observar os nossos movimentos e, numa demonstração dum misto de medo e respeito, evita confrontos e, normalmente depois de levantar-mos as nossas emboscadas ou depois da nossa passagem, continua a atacar ao longe com os Morteitos 82 e Canhão S/Recuo.
Dia 22 - A nossa missão de contrapenetração continua. E, saliento que foram implantadas pelo inimígo na região de JAEL minas Anti Pessoal, com o intuito concerteza de travar a vinda de Gilas da República da Guine. Duas destas minas foram encontradas uma nesta incursão e outra num patrulhamento de rotina.
A população civil continua a ter todo o nosso apoio em todas as tarefas, o que os tornamais adamados e submissos, tentando tudo para também nos agradar e continuar a receber o nosso apoio.
AGOSTO - 1970
Duma maneira Geral, tudo parece com grande calmia, não se notando alterações ao meio ambiente em relação ao mês anterior. A chuva que já havia começado continua com intensidade. Em épocas dos anos anteriores, por esta altura, já se faziam as colunas entre BUBA e ALDEIA FORMOSA, com imensas dificuldades. Porém, com o nosso intenso esforço de manutenção e conservação desenvolvido, as dificuldades deminuíram. Eis o prémio do nosso trabalho. As colunas são por nós mantidas com o mesmo ritmo que antes das chuvas, conseguindo assim colmatar o habitual isolamento, nesta época de toda a zona de ALDEIA FORMOSA e seu Destacamentos.
Porém é na verdade o tempo das chuvas e os rios começãm agora a mostrar-se com um grande caudal dificultando e mesmo negando a nossa passagem em vários lugares.
A viçosidade de toda a vegetação provocada pela época das chuvas, alterou profundamente as zonas em que desenvolvemos as nossas incursões e emboscadas, criando-nos assim muitas dificuldades especialmente no "CARREIRO DE MISSIRÃ", pois que nos reduz a visão e os campos de tiro, tornando a nossa progressão na mata mais visível ao longe.
Contudo todos estes entraves, também condicionam muito mais os Guerrilheiros, nas suas passagens utilizando os trilhos referênciados.
De acordo com o que acima descrevo, nota-se perfeitamente uma diminuição da actividade do inimígo, não tendo realizado as suas colunas de reabastecimentos através do "CARREIRO DE MISSIRÃ". Porém, temos notado através das pégadas deixadas e por nós analizadas que fazem alguns patrulhamentos para estas bandas, com guerrilheiros armados.
Na C. ART. 2521, continuamos a nossa actividade normal de acordo co o plano de operações anteriormente traçado "Galgos Ligeiros", sem ter-mos qualquer contacto directo com o inimígo. Porém,...
DIA 03 - Foram houvidos em ALDEIA FORMOSA uns 24 rebentamentos,de Canhão S/ Recuo, que caíram na zona de CHICAMBILÓ, sem qualquer cosequência. Pela nossa análise, a base de fogos usada pelo inimígo para esta operação deve ter sido VENDU BALQUE.
Diáriamente, continuamos a manter as nossas incursões de contrapenetração e emboscadas em todas as zonas, não se notando qualquer actividade de relevo dos guerrilheiros, a não ser termos visto muitos trilhos na direcção S.N., tendo também recolhido algus panfletos, deixados junto ao trilho, pelos guerrilheiros inimígos em SARE AMADI, espetados em canas, em que nos convidavam à deserção.
No entanto,...
DIA 26 - Um nosso Grupo de Combate, ao desempenhar acções de contrapenetração no "CARREIRO DE MISSIRÂ", ouviu duas rajadas isoladas de metrelhadora para a Zona de IERO SALDE. Não houve qualquer contacto, embora tivessemos batido todos os arredores. Devia-se tratar de fogo do inimígo para apalpar, a ver se estaríamos pela zona. Também não respondemos e mantivemo-nos emboscados horas, na espectativa. Porém nada.
SETEMBRO - 1970
Assume o Comando da nossas Companhia o Senhor Capitão Miliciano JOSÉ VIEIRA PEDRO, por ter terminado o gozo da sua licença disciplinar.
Entretanto o Senhor Capitão Miliciano JOSÉ VIEIRA PEDRO, regressou ao comando da sua Companhia C.ART. 2673 em EMPADA, pelo que assumiu o comando da nossa C.ART. 2521 o Senhor Alferes Miliciano ANTÓNIO JOSÉ SOARES FERNANDES, uma vez que, o alferes mais antigo se encontrava no gozo da sua licença disciplinar.
As Nossas Tropas, apesar da intensa actividade a que têm sido sujeitas continuam de animo levantado, pois os resultados obtidos positivamente assim o permite.
Tivemos conhecimento em ALDEIA FORMOSA que um GILA accionou uma Mina Anti-Pessoal na Zona da tabanca abandonada de JAEL.
Os guerrilheiros inimígos talvez motivados pelas chuvas insistentes e por vezes violentas, não ten levado a efeito qualquer acção significativa de relevo. Pelos nossos patrulhamentos, infiltrações e emboscadas que realizamos diáriamente, permitem-nos afirmar que o inimígo está encobado e que não passou qualquer coluna de reabastecimento. Ùnicamente quero assinalar que,...
DIA 07 - Foram por nós detectados alguns vestígios da passagem de uma patrulha do inimigo com cerca de 15 a 20 elementos, todos armados, no trilho de UANE, na direcção de S.-N.. Também foram por nós encontrados nesta mesma altura panfletos escritos em marabu e creoulo, dirigidos aos nativos em que lhes apelavam para cessar a colaburação com os TUGAS PORTUGUESES.
DIA 10 - Com base em VENDU BALQUE o inimígo atacou a Zona compreendida entre CHICAMBILÓ e o RIO BALANA, com Morteiros 82, sendo por nós ouvidos 30 rebentamentos. Nesta altura encontrávamo-nos em patrulhamento avançado, tendo estado emboscados na região do RIO BALANA e RIO CONTAIOBA. Enbora já viesse-mos de regresso, voltámos para trás, batendo toda a zona, nada tendo encontrado, não havendo por isso nada a registar.
OUTUBRO - 1970
Por ter regressado à companhia depois de ter terminado o gozo da sua merecida licença disciplinar e, por ser o mais antigo assumiu o comando da mesma o Senhor Alferes Miliciano ROGÉRIO DA SILVA CORREIA.
Chegamos ao fim do período das chuvas. Notamos uma grande melhoria dia após dia na transitabilidade nas vias de comunicação por onde temos de passar, sendo como é natural exigido da nossa parte um menor esforço em todos os movimentos e também na sua manutenção.
A nossa Companhia, continua a dura tarefa da contrapenetração por toda a Zona de NHALA e MAMPATÀ, tendo continuado um nosso Grupo de Combate destacado em NHALA.
O inimígo, continua mais ou menos adormecido como tem estado.
Há ainda a notar que este mês um GILA accionou na sua passagem por JAEL uma Mina Anti-Pessoal.
Embora não havendo contacto físico nem mesmo próximo com o inimígo salientamos que,...
DIA 13 - O inimígo com base na zona de VENDU BALQUE ataca com Morteiro 82 a zona entre CHICAMBILÓ e o RIO BALANA, sendo por nós referênciados cerca de 40 rebentamentos, os quais foram infrutiferos para o inimígo.
Nesta altura é preparada e desencadeada a Operação "NOVO RUMO" no "CARREIRO DE MISSIRÃ" com a participação do BAT. CAÇ. 2892 e a C.ART. 2519. Foram feitas algumas emboscadas sendo o Saldo positivo para os Nossos Homens, tendo o inimígo retirado com alguns mortos e bastantes feridos, atendendo ao nosso grande poder e potencial de fogo.
DIA 18 - Pelo inimígo é batida toda a zona entre CHICAMBILÓ e RIO BALANA com Morteiro 82 sem qualquer consequência. Mais uma vez saliento que os guerrilheiros inimígos procediam a estas operações, concerteza para apresentar serviço, depois da nossa retirada dos locais onde estivemos emboscados pois não queriam confrontos com as Nossas Tropas.
NOVEMBRO - 1970
Do Comando do BAT.CAÇ. 2892 de que a nossa Companhia C.ART. 2521, depende operacionalmente, em 23 de Novembro recebemos uma directiva operacional que estabelece uma nova MISSÃO com cariz temporário, como a seguir descrevo:
1) - MISSÂO: (Na parte que interessa à Companhia)
a)-Dispersa no máximo possível, os efectivos das Nossas Tropas de ALDEIA FORMOSA, por forma a subtrair às N.T. A existência dum alvo renumerador.
b)-Assegura a segurança afastada da região de ALDEIA FORMOSA, em direcção à Fronteira
2) - C.ART. 2521
a)-Instala uma base da Companhia em CHAMARRA.
b)-Assegura em permanência o controle que de GAMÂ e de JAEL, conduzem a ALDEIA FORMOSA e CHAMARRA, através de:
1. - Patrulhamentos diurnos
2. - Emboscadas diurnas e nocturnas.
3. - Implantação de minas e armadilhas (com excepção do trilho de JAEL)
4. - Negação das possíveis bases de fogo inimígas.
5. - Mantém em ALDEIA FORMOSA, diàriamente, apenas 01 GRUPO DE COMBATE em repouso.
3) - RESERVA
O GRUPO DE COMBATE em descanso em ALDEIA FORMOSA, à ordem do Batalhão.
4) - INSTRUÇÕES DE COORDENAÇÃO
a)-Dispositivos a montar desde já.
b)-Este dispositivo e actividade só termina à ordem.
Findaram as chuvas e continuam a melhorar consequentemente as vias de comunicação. Até já conseguimos atravessar algumas "Bolanhas" que se apresentam mais secas.
Não há nada a referir sobre o bom comportamento e execução da MISSÂO da C.ART. 2521.
Não temos tido contactos com o inimígo, o qual continua a exercer a sua actividade quer colocando Minas, quer efectuando emboscadas a Gilas que da Rep. da Guiné se dirigem a ALDEIA FORMOSA, com a finalidade de fazer o seu comércio. Notamos e colhemos informações de que houve algumas modificações durante este período, sobre os efectivos do inimígo existentes em KANSEMBEL, ora sendo rendidos por outros grupos, ora recebendo armas pesadas e munições, o que nos convida a todas as precauções e cuidados. Há no entento a considerar,...
DIA 04 - Numa acção da nossa Companhia realizada com 02 GRUPOS DE COMBATE, para a região fronteiriça, encontrá-mos vários trilhos do inimígo na zona entre o RIO BUNHOM e o trilho principal de JAEL
DIA 09 - Num patrulhamento por nós efectuados conjuntamente com forças da C.ART. 2519 (OS MORCEGOS DE MAMPATÁ) ouvimos vários rebentamentos a Sul da Estrada Nova.
DIA 11 - Forças da nossa Companhia C.ART. 2521, em conjunto com Forças da C.ART. 2519, em acção de contrapenetração, vimos pegadas no "CARREIRO DE MISSIRÃ", o que denota a passagem do inimígo.
DIA 30 - Durante uma acção da C.ART. 2521 a 02 GRUPOS DE COMBATE, para a região fronteiriça foram encontrado um trilho recente do inimígo, onde se nota perfeitamente que eram cerca de 20 a 30 elementos a Sul do Rio JAGUI, passando por JAEL e dirigindo-se para o Rio BUNHOM.
DEZEMBRO - 1970
Foi recebida ordem do Batalhão para que a Directiva de 23.Nov.1970 ficasse sem efeito. Assim sendo a missão da nossa Companhia voltou a ser a antecedente.
Nota-se que durante este período o inimígo aumenta a sua actividade em toda a nossa zona, tendo-se evidenciado através de patrulhamentos, por nós detectados pelos vestígios deixados no terreno.
Também atacaram a Tabanca de "PATÉ EMBALÓ" o que levou a que a nossa Companhia tivesse enviado um Grupo de Combate para reforçar este destecamento avançado.
Não há dúvida que a Nossa Companhia "C.ART. 2521", tem sido submetida a uma grande actividade operacional, durante todo este tempo da comissão. Contudo, sempre tem mantido um elevado moral o que na verdade tem contribuido para o bom rendimento e resultados obtidos.
DIA 02 - Mais uma actividade operacional, com patrulhamento com incursão para a zona fronteiriça ouvimos 02 rajadas de 04 tiros cada de Armas Pesadas com origem na zona do Rio CANTAIOBA, que não obtiveram qualquer resultado.
DIA 14 - Tem início a "OPERAÇÃO REMOÍNHO" com 02 Grupos de Combate da C.ART. 2521 sob o comando do Senhor Alferes Miliciano FERNANDES.
A missão da Nossa Companhia era executar um patrulhamento ofensívo, rápido e eficaz à região de "SARE ALI", com vista à destruição dos elementos inimígos, suas instalações e todo o material que se nos deparasse.
Para o efeito, os nossos 02 Grupos de Combate foram autotransportados até às imediações do Rio CORUBAL, depois de passar pela Tabanca de PATÉ EMBALÓ.
Na aproximação e passagem do Rio CORUBAL, foram usados todos os cuidados que a operação exigía. Ninguém poderia dar pela nossa presença. Só nós !...
Depois desta progressão, do outro lado do rio fomos autotransportados e escoltados por forças da Companhia de Caçadores 2701 aquarteledas no SALTINHO, onde pernoitámos.
No dia seguinte, saímos, acompanhados por 10 milícias e um Grupo de Combate da C.CAÇ. 2701, indo montar segurança em CAMPATA. Entre outros pontos passamos pelo objectivo "SARE ALI", nada tendo detectado. Fomos penetrando e ao chegar a SARE AMADI, verificámos que a cerca de 300 metros do cruzamento desta Tabanca para o lado Norte, havia pégadas de 01 Guerrilheiro inimígo. Avançámos mais cerca de 100 metros e deparámos com um trilho de passagem do inimígo feito por cerca de 20 a 30 elementos, cruzando a picada, nos dois sentidos. Ao passar em IERO AINE, vimos cascas e restos de laranjas, ainda com pouco tempo. Já quando estávamos na operação de regresso, por volta das 16H45, ouvimos um rebentamento, para o lado da nascente do Rio BALANA. Deve ter sido algum vigía avançado inimígo que detectou a nossa presença e, na sua fuga desordenada, accionou uma das suas próprias MINAS.
DIA 24 - No posto avançado Tabanca de PATÉ EMBALÓ, que já se encontrava reforçado por um Grupo de Combate da nossa C.ART. 2521, cerca das 22H00 o inimígo atacou este nosso destacamento, com Mort. 82, R.P.G. 7 e Armas Ligeiras, durante mais ou menos 15 minutos, tendo chegado de surpreza bastante perto da Tabanca. Porém de imediato os Nossos Homens retorquiram com uma grande frente de fogo, encetando, uma perseguição em meia lua, tentando envolver o inimígo que, perante o inesperado, resolveu para seu bem encetar a fuga. Contudo, tivemos 02 feridos ligeiros soldados africanos do Pel.Caç. Nact. 69. No dia seguinte, ao efectuar a batida na zona verificámos, pelos rastos de sangue deixados que o inimígo também foi bastante massacrado.
Neste mesmo dia, recebemos em ALDEIA FORMOSA a visita de SUA EXA. O GOVERNADOR COMANDANTE CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS DA GUINÉ, que nos veio desejar a todas as Forças aqui aquarteladas, os maiores sucessos, desejando também votos de felicidades para o novo ano que iriamos iniciar, extencivas às famílias. Quando do uso da palavra SUA EXA. proferiu também palavras enaltecedoras, de elegio e agradecimento, pela forma como as forças aqui presentes, têm sabido cumprir a sua missão.
JANEIRO - 1971 (NOVO ANO - INICIO DA RECTA FINAL)
A missão da nossa Companhia mantém-se sem qualquer alteração.
Assume o comando da C.ART. 2521 o Sr. Alferes Mil. Inf. ROGÉRIO DA SILVA CORREIA, interinamente, por ser o Oficial mais antigo, uma vez que o Sr. Capitão Mil. Inf. JOSÉ VIEIRA PEDRO, foi colocado, definitivamente na C.ART. 2673 em EMPADA.
Neste período o inimígo mostra-se bastante mais activo na nossa Zona. No entanto as Nossas Tropas continuam com o ânimo bastante levantado, embora cada vez com mais cuidado, usando de todas as precauções possíveis e imaginárias, na nossa e na sua defesa, dado que estamos a iniciar a recta final, pois aproxima-se a passos largos a data de embarque e de regresso à Metrópole. Todos os cuidados são poucos. Mas a Missão continua !. . .
DIA 10 - O inimígo cerca das 18H30, desencadeia mais um ataque a ALDEIA FORMOSA com o lançamento de 04 Foguetões 122, não obtendo qualquer resultado. De qualquer modo é sempre um flagelo.
DIA 14 - O inimígo pensou em não nos dar descanso. Assim, mais uma vez ataca ALDEIA FORMOSA cerca da 01H00 e novamente por volta das 02H00. Nestes dois ataques o inimígo utilizou Mort. 82 e R.P.G.-7, mas sem qualquer eficácia.
Neste mesmo dia numa acção com um Grupo de Combate da C. CAÇ. 2614, foi detectado um trilho inimígo, onde passaram cerca de 30 a 40 elementos, isto nas imediações de BUNGOFÉ, em direcção a SARE AMADI. Continuando a progressão já também em batimento da Zona, detecta abrigos individuais à esquerda da estrada de CONTABANE, mesmo em frente à Tabanca de SARE AMADI. Como estes vestígios são muito recente, tudo nos leva a crer que todo o cuidado é realmento pouco pois o inimígo, continua à espreita.
DIA 17 - Chega a ALDEIA FORMOSA, a Companhia que nos vem render. É a C. CAÇ. 18. É uma Companhia de Africanos na sua grande maioria de etnia Fula.
DIA 19 - Una das nossas viaturas quando se deslocava a PATÉ EMBALÓ, accionou uma Mina A/carro que, havia sido colocada pelo inimígo. Nada houve a não ser estragos materiais.
Não há dúvidas que o nosso contentamento interior foi muito grande. "O DIVINO ESTAVA CONNOSCO E CONTINUAVA A DAR-NOS A SUA PROTECÇÃO". Este foi concerteza o pensamento de todos nós !
Na verdade só uma Companhia de Africanos para nos substituir. Tinhamos a certeza absoluta que o inimígo nos temia e respeitava. Com todas as missões cumpridas com a maior eficácia e rigor, tornámo-nos conhecedores de toda a zona, como se usa dizer, como das próprias mãos. E, para certificar tudo isto, foi chegar até esta altura, com uma actividade permanente e desgastante, sempre em alto risco, sem mortos nem feridos. Nós, os Graduados, estavamos a cumprir o que a nós mesmos haviamos prometido "TRAZER OS MESMOS HOMENS, QUE NOS HAVIAM SIDO CONFIADOS". Seria esta a nossa maior honra e glória que esperavamos vir a alcançar.
DIA 23 - Eram 19H00 em ponto, pelo menos no meu relógio. O inimígo ataca ALDEIA FORMOSA. Todos ficámos alarmados e sobressaltados. As Nossas Tropas tinham ido com missão de penetração e emboscada na Zona entre CHICAMBILÓ e o Rio CANCURÃ, de onde nos parecia vir o ataque, com o rebentamento de 05 Granadas de Mort. 82. Contactados via rádio, soubémos que as Granadas lhes haviam passado por cima, uma vez que tinham detectado algo suspeito e já iam em batimento de zona em direcção do inimígo. Nada encontraram uma vez que o inimígo disparou e fugiu a sete pés.
DIA 25 - As Nossas Tropas em patrulhamento de rotina e segurança na periferia da Tabanca de PATÉ EMBALÓ, detecta pégadas de 03 elementos do inimígo perto e em direcção da zona onde no passado dia 19 foi accionada e rebentada a Mina A/Carro.
FEVEREIRO - 1971
Nesta altura com a presença da C.CAÇ. 18 que nos vai substituir, já estamos em sobreposição, isto é em passagem do testemunho. Todas as operações são feitas em conjunto.
O final aproxima-se. O regresso está para breve. O optimismo e alegria é geral e contagiante. O tempo já não é contado ao dia nem mesmo ao minuto. É ao segundo...
O inimígo continua bastante activo.
DIA 02 - Por volta das 18H00 o inimígo ataca, com base em BUNGOFÉ, batendo a zona entre SARE AMADI e JAI JULI com Mort. 82. Isto verifica-se depois da Nossa Companhia em conjunto com a C. CAÇ. 18 ter efectuado uma incursão de patrulhamento na Zona de CONTABANE.
DIA 20 - Pelas 22H00 o inimígo ataca ALDEIA FORMOSA com Foguetões 122. Desta vez o inimígo acertou no alvo. 02 caíram e rebentaram na Tabanca, junto ao aquartelamento. 01 não rebentou. Deste ataque resultaram 05 feridos graves no pessoal civil.
Desde a chegada da C. CAÇ. 18 que a sobreposição operacional se tem vindo a fazer regularmente. Inicialmente mais perto de ALDEIA FORMOSA e depois para as ZONAS mais afastadas. Aqui só tenho feito relevo às operações dignas de registo pela acção do inimígo. Todos os preparativos para a saída da Companhia se têm feito com normalidade.
DIA 25 - Neste dia, que ficará para sempre na memória de todos os militares da C. ART. 2521, é feita a passagem total para a C. CAÇ. 18, que a partir desta data assumirá todas as responsabilidades da mesma.
Assim e dados os bons serviços prestados pela C. ART. 2521 na Zona de Acção do Batalhão de Caçadores nº 2892, mereceu do seu Comando a seguinte Citação:
" A poucos dias de terminar a sua missão neste Sector não quero deixar de citar em Ordem de Serviço a C. ART. 2521 pelos excelentes serviços prestados, a sua valiosa contribuição para o melhoramento da situação na Província da Guiné. Desembarcada em Maio/69, logo assumiu a responsabilidade do Sub-Sector de ALDEIA FORMOSA, tendo sido empenhada em patrulhamentos e emboscadas para a Fronteira, actividade desempenhada com muito zêlo e eficiência.
De Dezembro de 1969 a Abril de 1970, é empenhada na segurança dos trabalhos de construção do Aeródromo de ALDEIA FORMOSA. A partir desta data e até final da comissão executa essencialmente a missão de contrapenetração no "CORREDOR DE MISSIRÃ", actividade desgastante tanto psicológica como fisicamente, do seu pessoal com elevado espírito de sacrifício e de missão cumpriu da melhor maneira, culminando no dia 30 de Junho de 1970 em que um dos seus GRUPOS DE COMBATE, capturou elevada quantidade de material.
É de salientar o elevado número de escoltas a colunas em que tomou parte.
A par da actividade operacional executada num ritmo intensivo, sempre o seu pessoal com o melhor espírito aceitava mais uma acção ou aparecia com prontidão e espírito agressivo para qualquer missão inopinada.
Deixa assim a C. ART. 2521 uma lacuna muito difícil de preencher pela tropa que a substitui e é com saudade que o comandante do Batalhão a vê partir desejando a todos os seus componentes as maiores felicidades. "
DIA 28 - Organização, preparação e partida da Coluna para BUBA onde se integra a C. ART. 2521 e posterior saída para BISSAU, onde fica a aguardar embarque.
Depois de passar por BUBA a Nossa Companhia deslocou-se para BISSAU, ficando aquartelada no QUARTEL DOS ADIDOS a aguardar embarque.
MARÇO - 1971 FINALMENTE ! ! ! . . .
DIA 17 - EMBARQUE EM BISSAU COM DESTINO À METRÓPOLE. . .
DIA 22 - FINALMENTE O DESEMBARQUE EM LISBOA
A TODOS OS MILITARES DESTA COMPANHIA DE ARTILHARIA Nº 2521
FOI ATRIBUÍDA A MEDALHA COMEMORATIVA DAS CAMPANHAS DA GUINÉ
com a legenda
1969/70/71 (O. S. DA C. ART. 2521 DE 1971)